sexta-feira, 20 de março de 2015

Prefeitura quer assumir duplicação da PR-445

Alexandre Kireeff quer emprestar dinheiro para obra até Mauá da Serra e, depois, cobrar pedágio


Gina Mardones
Trecho da PR 445: objetivo da Prefeitura é ter estradas duplicadas para 
melhorar o escoamento da produção até o Porto de Paranaguá.

O prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff, protocolou na última quarta-feira, na Casa Civil do governo estadual, em Curitiba, um pedido de "Delegação de Competência" com o objetivo de "adquirir o direito de gestão e duplicação da PR 445", no trecho entre Londrina e Mauá da Serra. A ideia é realizar a obra e, na sequência, cobrar pedágio. A informação foi divulgada pelo Núcleo de Comunicação da Prefeitura, que convocou uma entrevista coletiva com o prefeito para tratar deste assunto na manhã de hoje. Ontem, Kireeff não quis comentar a proposta. 

Segundo o texto enviado pela Prefeitura, a delegação possibilitaria que o Município e cidades da Região Metropolitana de Londrina tivessem um melhor escoamento da produção para portos como de Paranaguá, Antonina, Itajaí, Navegantes, São Francisco e Itapoá. "O objetivo principal é estruturar um novo eixo de desenvolvimento agroindustrial e comercial para Londrina e o Paraná", afirmou o prefeito na nota. 

A duplicação da PR 445 foi uma das principais propostas discutidas durante o segundo EncontrosFolha, evento realizado pelo Grupo Folha em setembro do ano passado. A estrada se conecta à BR 376 em Mauá da Serra. E o trecho daquela via federal até Ponta Grossa está sendo duplicado pela concessionária Rodonorte. Assim, após as obras, será possível chegar à Capital e aos portos utilizando somente rodovias duplicadas. 

O jornalista Cláudio Osti mencionou, em seu blog, que a Prefeitura já teria feito um estudo de viabilidade econômica para apoiar a decisão. De acordo com ele, o estudo apontou que serão necessários R$ 200 milhões para a duplicação do trecho, de 87 quilômetros. Ainda conforme o jornalista, a Prefeitura poderia emprestar até R$ 1 bilhão para estas obras, pois está com as contas saneadas. 

Os R$ 200 milhões seriam solicitados ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Terminada a duplicação, a Prefeitura colocaria uma praça de pedágio na rodovia com tarifa de R$ 5,42, que pagaria o investimento em até 12 anos. A obra teria duração de três anos. 

O deputado estadual Tercílio Turini (PPS/PR), que busca há anos uma solução para a duplicação da PR 445, disse estranhar a decisão do prefeito. Ontem, o deputado afirmou que não tinha conhecimento do pedido de delegação de competência. Ele diz estar curioso para saber qual "carta o prefeito tem na manga". "Primeiro porque é caro. São necessários R$ 4 milhões cada quilômetro para duplicar a rodovia. E também tem toda a manutenção." 

A cobrança de pedágio, na opinião do deputado, é um assunto que precisa ser debatido com a sociedade. "A duplicação da rodovia é responsabilidade do Estado. O Município já tem muitas estradas rurais para cuidar. Por que vamos assumir uma responsabilidade do Estado?", questionou. 

Um empresário da cidade que preferiu não se identificar disse que já conhecia a proposta do prefeito. Segundo ele, ainda que sofra rejeição da sociedade, o pedágio é um "mal necessário". "Se formos esperar o governo do Estado tomar qualquer providência para duplicar a via vamos esperar 10 anos e isso não vai acontecer", declara. 

De acordo com a assessoria de imprensa da Casa Civil, o pedido foi recebido pelo órgão no final da tarde de quarta-feira, e encaminhado para a Secretaria de Infraestrutura e Logística do governo do Estado, onde será analisado. A Secretaria de Infraestrutura afirmou, via assessoria de imprensa, que até o final da tarde de ontem ainda não havia recebido o documento.

fonte: folha web.

Nenhum comentário:

Postar um comentário