infraestrutura 38% das obras do PAC 2 para o Paraná ainda estão no papel
Debora Alves/Gazeta do Povo
O acesso ao Porto de Paranaguá é uma das 11 obras previstas no
programa que estão em fase anterior à contratação.
Apesar de o tempo de execução do programa ter acabado no ano passado, 11 obras previstas para o estado não foram nem contratadas
O Paraná começa 2015 com 38% das obras de infraestrutura em transporte
previstas na segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC 2) ainda no papel, segundo levantamento feito pela Gazeta do Povo. Do total de 29 empreendimentos que beneficiam o estado, 11 deles encontram-se em fases anteriores à contratação da obra.
Ao todo, há seis em rodovias, duas em ferrovias e uma em aeroportos,
portos e hidrovias que não começaram até dezembro de 2014, último ano de
execução do programa. Algumas delas, inclusive, são herdadas do
primeiro PAC, lançado em 2007 no governo Lula, como a construção da
segunda ponte entre Brasil e Paraguai, em Foz do Iguaçu. A obra, que tem
previsão de início para o primeiro semestre deste ano, está atualmente
condicionada à emissão da licença prévia de acesso, feita pelo Ibama.
Enquanto isso, outros empreendimentos, como o estudo do trem de alta
velocidade (TAV) entre Curitiba e São Paulo, foram suspensos e ainda
estão ‘parados’ em ação preparatória, fase mais prematura do processo.
Além do TAV, há outros três projetos considerados prioritários no Paraná
na mesma situação: a obra na BR-153 (Transbrasiliana) entre Alto Amparo
e Imbituva; a adequação do Contorno Sul, em Curitiba; e a reforma no
acesso ao Porto de Paranaguá.
“A presidente Dilma falou que ia licitar as obras no Contorno Sul no ano
passado, em agosto. Isso foi empurrado para frente, mas nós esperamos
que seja licitado ainda este ano”, afirma João Arthur Mohr, do Conselho
de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Segundo o
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit),
responsável pela obra, o projeto básico do contorno aguarda a aprovação
do orçamento da União deste ano, que ainda está no Congresso. Conforme o
órgão, a previsão é que a licitação ocorra em maio.
Pouco planejamento
Para o economista Claudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B,
especializada em infraestrutura, falta planejamento no programa. “Em
razão da pressão política, muitos projetos foram lançados ou iniciados
sem nenhuma possibilidade. Diversos deles não passam nem pela barreira
de análise de custo-benefício, como o TAV”, diz ele.
De acordo com uma estimativa feita pela Inter.B, sem levar em conta o
custo de desapropriações e de licenciamento ambiental, o projeto
completo do trem custaria R$ 85 bilhões. “Falta planejamento e qualidade
dos projetos, o monitoramento é insuficiente e há muitas restrições de
financiamento”, acrescenta.
O professor Eduardo Ratton, coordenador do Instituto Tecnológico de
Transportes e Infraestrutura (ITTI) da Universidade Federal do Paraná
(UFPR), concorda. “O governo negligencia ao anunciar obras por pressões
antes de ter planejamento estratégico e fazer os estudos de viabilidade
necessários”, afirma. Ratton destaca que um dos defeitos do programa é
não ter considerado o prazo necessário para a realização de estudos
ambientais, o que acaba emperrando o andamento do processo.
fonte: Gazeta do povo.
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