terça-feira, 12 de maio de 2015

Juros ao consumidor chegam a 119,48% ao ano em média

Taxas tiveram aumento médio de 31 pontos percentuais desde 2013; cartão de crédito lidera

Arquivo FOLHA
Juros do cartão de crédito saíram de 192,94% ao ano, em 2013, para 295,48%

A taxa básica de juros da economia, a Selic, cresceu seis pontos percentuais desde março de 2013, saindo de 7,25% para uma trajetória crescente, até os 13,25% atuais. No mesmo período, a média de juros praticada pelo mercado aumentou, em média, 31,5 pontos percentuais para pessoa física, subindo de 87,97% ao ano para 119,48%. O índice, calculado pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), considera seis diferentes linhas de crédito. 

O maior aumento no período foi dos juros do cartão de crédito, que saíram de 192,94% ao ano para 295,48% (acréscimo de 102,54 pontos percentuais). Na sequência, aparece o cheque especial, com 60,97 pontos percentuais de acréscimo e taxa atual praticada de 205,06% ao ano. Para pessoa jurídica, foram analisadas três linhas de crédito, que tiveram aumento médio de 15,97 pontos percentuais, saindo de 43,58% em março de 2013 para 59,55% em abril deste ano. 

O diretor executivo de Estudos Econômicos da Anefac, Miguel de Oliveira, explica que os juros para pessoa física são mais altos em virtude do risco envolvido nas operações. Para cartões de crédito, por exemplo, a inadimplência média gira em torno de 34%, ou seja, de cada R$ 100 emprestados, R$ 34 estão em atraso há mais de 90 dias. 

"Nas operações com pessoas jurídicas também tem a questão da concorrência maior entre bancos, pois normalmente as empresas têm várias contas e conseguem barganhar", detalha. Segundo Oliveira, a evolução dos juros, em pontos percentuais, acima da Selic no período tem a ver com uma reação das instituições financeiras à situação econômica, especialmente nos últimos meses. 

"Os bancos sabem que inflação, juros altos, retração da economia e desemprego aumentam o risco de crédito", diz. O professor de economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Sidney Pereira do Nascimento, concorda que os juros devem continuar subindo diante do risco de inadimplência. 

"Existe uma crise instalada, e quando tem crise, tem desemprego e aumento da inadimplência; os bancos estão se protegendo", detalha. O economista não acredita em queda na taxa de juros no curto prazo, embora discorde da política isolada de aumento da Selic para controlar a inflação. Ele explica que, com o encarecimento do crédito, as empresas acabam repassando e penalizando o consumidor. Há, ainda, o impacto dos aumentos da energia elétrica. 

Inflação
A Anefac projeta novos aumentos na taxa básica de juros da economia e, consequentemente, novos acréscimos nas taxas das operações de crédito. O diretor de assuntos econômicos da entidade acredita em novo aumento da Selic na reunião do Copom em junho. Depois, dependerá do comportamento da inflação. 

"O consumo já está recuando, a inflação só não caiu mais por conta dos aumentos das contas de energia", declara. Para o economista da UEL, o governo tem que agir em várias frentes para frear a inflação, e não apenas contar com a elevação da Selic. 

"Tem que ter investimento produtivo, excesso de oferta não por falta de demanda, mas por excesso de produção. Isso é muito mais interessante que a queda na demanda, porque você tem ganho de produtividade, reduz custo, aí consegue reduzir a inflação", detalha Nascimento. 

O diretor da Anefac diz, ainda, que o volume de crédito no Brasil gira em torno de 54% do Produto Interno Bruto (PIB), volume baixo se comparado a de países desenvolvidos. "Agora, o Banco Central quer frear a economia, mas, passada a incerteza o crédito tende a continuar a crescer", afirma. Fonte; Folha Web

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