sexta-feira, 17 de abril de 2015

OPERAÇÃO PUBLICANO Chefes da Receita Estadual eram os “cabeças” da máfia, diz Gaeco

Roberto Custodio/Jornal de Londrina
Gaeco: conexão entre a cobrança de propina e a Receita Estadual. | Roberto Custodio/Jornal de Londrina
Gaeco: conexão entre a cobrança de propina e a Receita Estadual.

Auditores fiscais com altos cargos na hierarquia do órgão público seriam os responsáveis por trocar a cobrança de multas por propinas


Os auditores fiscais que são considerados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) como os “cabeças” da organização criminosa acusada de cobrar propina para favorecer a sonegação de impostos, também ocupavam cargos de chefia na Delegacia da Receita Estadual de Londrina.

São os casos de Márcio de Albuquerque Lima, sua esposa, Ana Paula Lima e Luiz Antônio de Souza. De acordo com o esquema, os empresários que aderissem teriam dívidas milionárias “apagadas” ou pagariam multas com valores bem inferiores ao devido. Para o Gaeco, “vender” essas benesses só seria possível com o apoio de ocupantes de cargos de chefia.

Lima, foragido desde que teve a prisão preventiva decretada, em 20 de março, é considerado o líder do grupo e foi o que conseguiu ir mais longe na estrutura da Receita Estadual: no segundo semestre do ano passado foi alçado a inspetor geral de fiscalização, cargo que deixou três dias antes de o Gaeco cumprir um mandado de busca e apreensão, em seu gabinete, em 5 de março. Lima é apontado como responsável por organizar o grupo e “acobertar” as supostas irregularidades.

Ana Paula Lima é assessora de resultados da Delegacia da Receita e ajudaria o marido na organização. Ela é a única dos três “cabeças” que não teve a prisão decretada. Já Souza era inspetor regional de fiscalização. Era ele quem direcionava quais auditores fiscalizariam as grandes empresas.

Segundo a investigação, os outros 12 auditores fiscais sob suspeita de envolvimento com as supostas irregularidades iam para a “linha de frente”, fazer as fiscalizações e “criar condições favoráveis” para que os empresários aceitassem pagar propina. Diante da possibilidade da aplicação de uma multa milionária, a saída sugerida pelos auditores era fazer um acordo com alguém “acima” na hierarquia da Receita. Lima seria um dos superiores apontados pelos auditores. O valor da propina ficaria bem abaixo do que seria a multa aplicada.

Outro lado


Douglas Maranhão, advogado de Márcio de Albuquerque Lima, disse que ainda não teve acesso à denúncia apresentada pelo Ministério Público e que só poderia se manifestar depois de conhecer o conteúdo. Ele afirmou que não é advogado de Ana Paula e que não sabia se ela tinha sido denunciada pelo MP. Segundo o advogado, ela está em férias.

Souza tem dois advogados, Walter Bittar, na esfera cível, e outro para a esfera criminal, Alisson Silvério, que o atende nos casos em que ele é acusado de crimes sexuais. Nenhum dos dois até o momento teria sido indicado para defender Souza na ação penal que trata da Receita Estadual.

Fonte: Gazeta do povo.

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