quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Cornélio imersa em crise política

Câmara investiga indícios de irregularidades que podem levar à cassação do prefeito; sem apoio entre os vereadores, Fred Alves alega "julgamento político"

Pela primeira vez na história do município, o chefe do Executivo sofre o 
risco real de ser cassado pelos vereadores
"O dinheiro foi devolvido e os envolvidos exonerados, não há motivo para 
cassação", defende-se Fred Alves

Cornélio Procópio - Esta semana o prefeito Fred Alves (PSC) foi notificado oficialmente sobre a abertura de uma Comissão Processante (CP) na Câmara Municipal de Cornélio Procópio. É a primeira vez na história da cidade que o chefe do Executivo sofre o risco real de ser cassado pelos vereadores. Além da CP, outras duas comissões especiais de investigação (CEI) estão abertas junto ao Legislativo, todas analisando denúncias de possível desvio de dinheiro em processos de licitação da prefeitura (ver quadro). 
Isolado politicamente na Câmara, com o apoio de apenas um parlamentar, Fred alega estar sendo vítima de um julgamento político e não técnico, uma vez que a maioria dos vereadores pertence a grupos adversários. Dos 11 vereadores, além do aliado, dois são independentes e o restante pertence à oposição. 
O prefeito, no entanto, admite que houve falhas nas licitações, especialmente no caso da compra das caixas de isopor e no aluguel de um palco para a Festa do Trabalhador, mas afirma não ter tido conhecimento desses procedimentos. "Sou o prefeito da cidade, minha função é decidir sobre os assuntos mais importantes, orientar as equipes na direção que acreditamos ser a correta. Não é o prefeito quem decide diretamente sobre a compra de caixas de isopor ou sobre os detalhes de uma festa, eu preciso delegar essas funções menores". 
Conforme Fred, assim que tomou conhecimento das denúncias pela imprensa, a Corregedoria Interna da prefeitura abriu processos administrativos para analisá-las. "Constatamos o erro e imediatamente os responsáveis foram exonerados. Entramos em contato com as empresas envolvidas e o dinheiro foi devolvido à prefeitura. Não houve prejuízo aos cofres públicos. Infelizmente eu não posso fiscalizar tudo que meus subordinados fazem". 
O chefe do Executivo afirma que grande parte das pessoas que estão depondo na CEI foi exonerada por envolvimento nesses casos ou são desafetos políticos. "O dinheiro foi devolvido e os envolvidos exonerados, não há motivo para cassação. Se isso ocorrer vamos recorrer ao Judiciário, pois estou consciente da minha inocência. Será um desfecho político". 

ISOLAMENTO
A falta de apoio do prefeito de Cornélio Procópio não se resume à Casa. A vice-prefeita Aurora Fumie Doi (PDT) também rompeu com Fred em maio de 2014, quando era secretária municipal de Saúde. Segundo ela, a causa foi a total falta de autonomia. "Eu não tinha poder de gestão sobre os recursos da pasta. Não havia abertura de diálogo, o prefeito, infelizmente, é uma pessoa autoritária, que não ouve os aliados. Tivemos divergências de programa, ele não cumpriu o que havia prometido em campanha, e eu vi que não tinha como continuar, pois não concordava com os atos que estavam sendo realizados". 
O sociólogo e professor Welington Joslin Rodrigues relaciona a crise política da cidade às dificuldades administrativa e política do Prefeito. "Diversos grupos que o apoiavam desde as eleições de 2012 se afastaram (como no caso da vice-prefeita Aurora). As acusações contidas nas comissões de investigação mostram a forma não republicana com que a prefeitura agia para pagar seus fornecedores". 
Segundo Joslin, os opositores se aproveitaram politicamente dessas falhas administrativas. "Grande maioria da Câmara pertence ao grupo político do ex-prefeito Amin Hannouchi, oposicionista claro da atual administração. As denúncias apareceram como uma dádiva para a oposição, que vê a possibilidade clara de legitimar uma ação de cassação e deixar o caminho mais fácil para as eleições do ano que vem." 
Fonte: Folha Web

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