sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Protesto pró-Dilma reúne militantes em Curitiba

Entidades sindicais e movimentos sociais da capital e interior defendem presidente, mas fazem críticas ao pacote de ajuste fiscal do governo

Paulo Lisboa

Curitiba - Com gritos de "Não vai ter golpe!" e "Fora Cunha!", manifestantes percorreram as ruas centrais de Curitiba na manhã de ontem em um ato organizado por diversas entidades sindicais e movimentos sociais, apoiando o governo de Dilma Rousseff. O evento, realizado nas principais capitais do País, foi uma "resposta" aos protestos realizados em todo o País no último domingo e que pediram o impeachment da presidente. A caminhada saiu da Praça Santos Andrade, em frente à Universidade Federal do Paraná (UFPR), por volta das 12h15, seguiu pelas avenidas Marechal Deodoro e Marechal Floriano, Rua XV de Novembro, e terminou na Boca Maldita. 

A estimativa da Polícia Militar (PM) foi de que a manifestação, que durou cerca de duas horas e meia, reuniu 600 pessoas; os organizadores do evento garantiram que pelo menos cinco mil pessoas participaram da caminhada. Além do apoio declarado a Dilma e ao ex-presidente Lula, as reivindicações se concentraram em alguns pontos principais: contra o pacote de ajuste fiscal; em defesa da Petrobras; o fim das terceirizações; e pela saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi denunciado ontem pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato; os manifestantes criticaram ainda a "pauta-bomba" defendida por Cunha. 

Em relação ao Paraná, especificamente, os manifestantes repudiaram o risco de demissões serem realizadas pelo banco HSBC, que foi comprado pelo Bradesco em junho e, com isso, colocou em xeque milhares de empregados. Durante o trajeto não foram registrados incidentes graves, apenas alguns bate-bocas com alguns transeuntes contrários ao protesto. 

Conforme a Central Única dos Trabalhadores (CUT), trinta ônibus levaram manifestantes de Curitiba e Região Metropolitana para a Praça Santos Andrade e outros dez ônibus conduziram pessoas do interior do Estado para a mobilização. 

"O processo eleitoral tem que ser respeitado, a presidente foi eleita legitimamente. Mas no protesto de hoje (ontem) também somos contra o ajuste fiscal. Não ao impeachment, não ao golpe e sim à democracia", destacou Mário Sérgio Ferreira de Souza, um dos representantes da APP-Sindicato no ato. 

O deputado estadual Professor Lemos (PT) também acompanhou o protesto. Ele ressaltou que a escolha feita pelos eleitores têm que ser respeitada, mas que os manifestantes também vieram cobrar promessas feitas durante a campanha do ano passado. "Não viemos apoiar somente por apoiar. Defendemos a continuidade do processo democrático no Brasil, que seja respeitada a decisão das urnas. Mas também para cobrar as medidas anunciadas e prometidas durante a campanha. Isso não pode ser desprezado", disse. 

Para algumas representantes de movimentos sindicais, este é o momento de ir para às ruas declarar apoio à presidente e para buscar reformas que proporcionem melhorias para a população. "A única maneira de evitar o avanço da direita neste País é aprofundar as reformas populares. Não tem outra opção. Nós temos que confrontar também, não podemos nos acovardar. Temos que entender que cada vez mais será um embate", declarou Paulo Bearzoti, do Movimento Pela Moradia (MPM). 

Mário Alberto Dalzot, presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e de Santa Catarina (Sindpetro-PR e SC), fez questão de ressaltar que o movimento concorda com as investigações da Operação Lava Jato, mas cobra que a apuração não fique somente de partido A, B ou C. "Sabemos que a Petrobras está sendo achincalhada há muito anos. Somos a favor da investigação de todo o tipo de corrupção. Se é para investigar todos os partidos, tem que ser todos", afirmou.
Fonte: Folha Web.

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